segunda-feira, 14 de setembro de 2009

ENTREVISTA COM LUIS FERNANDO VERÍSSIMO


O terceiro volume da série "Plenos Pecados", O CLUBE DOS ANJOS, é uma história de mistério, uma insólita e bem-humorada celebração da gula. Escritor e jornalista, Luís Fernando Verissimo mantém uma coluna diária no Jornal do Brasil, reproduzida para diversos jornais do país. Autor de vários livros, entre eles os best-sellers "O analista de Bagé", "Comédias da Vida Privada" e "Comédias da Vida Pública", Verissimo tem obras adaptadas para teatro, cinema e TV. Entre as distinções e prêmios recebidos, estão a Medalha de Resistência Chico Mendes e o Prêmio de Intelectual do Ano em 1997.


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Em "O Clube dos Anjos", a gula é punida com a morte. Em sua opinião, a gula continua a ser, em nossos dias, um pecado tão sério?
- A gula é o único pecado que tem conseqüências físicas inevitáveis, descontando-se a luxúria sem camisinha. Engorda e entope as artérias. Acho que por isso é o único pecado que permanece sério.

O senhor diria que seu romance pertence ao gênero policial, ou seria mais uma brincadeira com o gênero, já que desde as primeiras páginas ficamos sabendo quem vai morrer e quem vai matar?
- É um policial porque envolve crimes e a revelação do motivo dos crimes, embora o criminoso seja conhecido desde a primeira página. Mas a intenção era apenas, usando as convenções da literatura policial, que são levemente parodiadas, contar a história de um grupo de pessoas.

Por que todos os integrantes do Clube do Picadinho são pessoas fracassadas na vida pessoal e profissional?
- O livro pretende ser um retrato, não muito realista, de uma determinada geração brasileira. São fracassados porque isto serve à trama, explica porque no fim todos se deixam matar, mas também porque eu queria dar a idéia do fim de uma geração inútil.

O senhor pertence atualmente a alguma confraria gastronômica?
- Faço parte da confraria dos Companheiros da Boa Mesa, que se reúne mensalmente no Rio, mas desconfio de que estou prestes a ser expulso porque há dois anos não participo de um almoço deles. Não por falta de vontade, é que não tem dado.

Este é seu segundo romance. O senhor prefere escrever crônicas?
- Não é uma questão de preferência. Vivo do meu trabalho de jornalista, não conseguiria viver só de romances. Mas se pudesse escolher sem levar mais nada em conta, acho que ainda escolheria a crônica.

A insatisfação, a compulsão de querer sempre mais - que acaba vitimando os personagens do livro - seria este o grande pecado de nossa época?
- Não sei se querer mais é um pecado da época. Talvez seja, já que vivemos numa era individualista em que a ganância se tornou respeitável. Mas a compulsão de que trata o livro tem a ver com a condição humana. O homem é o único animal que sempre quer mais do que precisa, inclusive comida.


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